quinta-feira, 18 de março de 2010

O Guradião no Cine Praia Grande


Devido a problemas na transportadora, que extraviou o filme ENQUANTO O SOL NÃO VEM, estréia antecipadamente no Cine Praia grande a obra-prima O GUARDIÃO. Imperdível para quem gosta de bom cinema!
Abaixo a crítica do filme:

Havia grande expectativa pelo único concorrente
latino-americano no Festival de Berlim deste ano. O Guardião
não decepcionou. O longa de Rodrigo Moreno que estréia hoje no Cine Praia Grande,
foi recompensado pelo júri presidido por Charlotte Rampling com o Prêmio Alfred Bauer, para obras que abrem novas possibilidades para a arte cinematográfica.
Sem nenhuma ligação com a fantasia de H.G. Wells,
Rodrigo Moreno conta a história de um homem invisível. Ruben,
interpretado por Julio Chávez, é o guardião de seu filme.
Trabalha como guarda-costas do ministro da planificação, um
ministério que não existe na Argentina e que o autor criou para
contar a história desse sombra. Em Berlim, e, depois, no Rio,
onde participou de uma oficina de roteiristas, Moreno reconheceu
seu débito com Akira Kurosawa, mesmo que O Guardião não tenha
muito a ver com Kagemusha - A Sombra do Samurai. "Ninguém filmou
o sombra como Kurosawa", ele concorda.
Moreno participou de três laboratórios de roteiros antes
de filmar O Guardião. Ele diz que trabalhou muito no
aprimoramento do projeto, mas concorda com Antonioni; roteiros
são páginas mortas. "São só uma intenção, uma utopia. O que
importa é o filme, no qual o roteiro sofre todo tipo de
transformação e interferência." Ao se lançar a este projeto tão
ambicioso, no qual mais de um crítico viu uma promessa de rigor
digna de Robert Bresson, Moreno diz que não pretendeu fazer um
comentário social sobre a Argentina. "Achei que abordar um
personagem lateral, um homem sujeito à existência de outro seria
interessante, até para descobrir como se conta essa história."
Ele se afastou deliberadamente de todo vínculo com a realidade
mais próxima. "Queria explorar uma problemática mais profunda."
O ministro é de segunda linha, um burocrata sem paixão, que foge
ao figurino de corrupção e prepotência que o cinema (e a própria
vida) esculpe para muitos ocupantes do cargo.
O diretor, de qualquer maneira, não se furta de
expressar sua opinião política, enfatizada no discurso vazio que
caracteriza o personagem. Para o guardião, ele precisava de um
grande ator que tivesse a capacidade de não atuar. "O personagem
é opaco, não dou muitas informações sobre ele, não dei nem a
Julio Chávez." A trajetória de Ruben, de qualquer maneira, é
clara. O espectador percebe a solidão, o isolamento, o desastre
da vida familiar e também a obsessão pelas normas e pelo bom
desempenho. Tudo prepara o desfecho, que foi o ponto de partida
do diretor-roteirista. Moreno, segundo ele próprio, fez um filme
sobre a contradição.

O Guardião (El Custodio, Arg-Fr-Ale-Uru/ 2006, 95 min) - Drama. Dir. Rodrigo Moreno.
Sessões: 16hs, 18hs e 20hs.
em cartaz até o dia 02 de abril!

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